Slipknot fecha a noite/Marcelo Alves |
Foram 29 apresentações in loco. Mas chegou a hora da Corneta se despedir
de mais uma edição do Rock in Hell. Não sem antes falar sobre o último dia de
shows assistidos na City of Rock.
Moonspell + Derrick
Green - O dia começou com uma surpresa. Uma banda portuguesa que não canta
Roberto Leal. Até ontem eu não sabia que tinha heavy metal em Portugal. Ai veio
o Moonspell a dizer: Tenho umas músicas pesadas a mostrar para vocês. Estamos a
fazer um show aqui no Rio de Janeiro pela primeira vez.
Bom, o som do
Moonspell parece trilha sonora de filme de terror B. Eles cantam músicas em
inglês (correto) e em português (errado, pois não é apropriado para o estilo).
E ainda apresentam uma tal de "Vampiria", que é um METAL DECLAMADO. A
recepção do show é morna (e eu confesso que achei bem mais ou menos). A coisa
só esquenta mesmo quando Derrick Green entra para tocar "Territory" e
"Roots Bloody Roots", clássicos do Sepultura.
Nightwish + Tony
Kakko - Diz a lenda que na Finlândia banda de metal melódico é igual grupo de
samba no Hell de Janeiro. Tem uma em cada esquina. E o Nightwish é um dos
expoentes dessa galera. Há uma década sem sua cantora original (Tarja Turunen
foi expulsa da banda pelo chefão e guitarrista Tuomas Holopainen), o Nightwish
parece ter se acertado com Floor Janssen.
Soprano, como exige
o gênero, Floor não canta como Tarja, que fazia você se sentir numa ÓPERA,
alcançando notas que saiam da partitura. Mas é muito boa, tem uma alma mais
metaleira, é performática, sensualiza, sacode a cabeleira com garra e é
holandesa, ou seja, maravilhosa.
Poucos clássicos do
Nightwish estiveram no set. "Wishmaster" era um deles. A banda
preferiu nos entregar um show com músicas mais recentes e uma vibe taverna de
"Senhor dos Anéis".
De la Tierra -
Andreas Kisser ganhou o prêmio Arroz de Festa desse Rock in Hell. Simplesmente
ele esteve presente em todos os quatro dias que eu fui. Isso porque o Sepultura
não tocou no festival. E não duvidem que ele possa entrar no palco com a
Rihanna hoje.
O De la Tierra é um
projeto paralelo de Kisser com uns parças argentinos e mexicano de outras
bandas (o bom baterista Alex Gonzalez, por exemplo, é do Maná). Logo de cara o
cantor e guitarrista Andrés Gimenez lembrou que aquela era a única banda latina
no festival. Tudo era "increible" para ele, que parecia satisfeito em
tocar no palco mundo.
É muito estranho
ouvir metal em espanhol (vocês sabem, o estilo deve ser cantado em inglês ou
dialetos nórdicos antigos), mas o resultado final foi bom. O cover de
"Polícia", dos Titãs, saiu meio descoordenado, e o baixista Sr.
Flávio cantou uma música que mais parecia uma versão metaleira de
"MACARENA". Mas a canção "O xamã de Manaus" é muito boa. A
começar pelo seu nome.
Steve Vai +
Camerata de Florianópolis - Steve Vai tem uma relação quase sexual com a sua
guitarra. Deve ser por isso que ele terminou o show tocando-a com a LÍNGUA.
Nessa grande masturbação sentimental, a orquestra Camerata pareceu um tom
abaixo dos demais instrumentos. Mas é sempre legal ver um guitarrista do naipe
de Steve Vai tocar. Principalmente se o show
acaba com "For the love of God".
Mastodon - Uma
banda que se chama MASTODONTE tinha que ter pelo menos um membro com cara de
homem das cavernas. Essa cota é cumprida pelo baixista Troy Sanders. O som dos
caras, no entanto, está longe de ser milenar. Foi um dos grandes shows deste
festival.
Faith no More -
Antes do show começar, alguns pingos de chuva surgiram. Certamente foi
resultado da falta de comunicação entre o santo de Mike Patton e o cacique
Cobra Cobral. Eles se acertaram a tempo e o Faith no More tocou sem tomar água
na cabeça.
Patton é uma figura
estranha. Com a maior pinta de macumbeiro ali todo vestido de branco junto com
o visual clean e florido do resto da banda e do palco fica a impressão de que
vai baixar um santo a qualquer momento. Bom, pelo menos ele trouxe fantasmas do
passado como "Epic" e "Easy".
O cantor adora
falar CARIÔCAS" e outras palavras em português. Parabéns para o professor
que o ensinou. Até "Um beijo" o pai de santo do rock mandou.
O povo curtiu o
show e numa boa vibe, sem aquela nostalgia de "Ah, como era bom o Rock in
Rio de 1991". Faltou só Mike Patton fazer um despacho.
Slipknot - Alheia à
reclamação dos cariocas nos últimos dias de que estava muito calor, a banda
resolveu ligar o maçarico e dar uma esquentada no clima com muitas labaredas.
Quatro anos depois da INCENDIÁRIA apresentação no Rock in Hell, o Slipknot
voltou com disco novo e novos integrantes na banda.
A disposição de
Corey Taylor para defender o heavy metal é louvável: "Nós vivemos por
isso, sangramos por isso, morremos por isso". Discurso de guerra bem
"Game of Thrones". E a comunidade Slipknot é unida. A banda é formada
por brothers e o público é a família. Teve até espaço para cantar parabéns pelo
aniversário do Palhaço.
Como tem NOVE
integrantes, volta e meia o Slipknot tem alguém de bobeira agitando a galera ou
fazendo uma performance. As músicas do disco novo são boas, mas, como era de se
esperar, são as antigas que agitam o povo em animadíssimas rodas de pogo.
Não foi um show tão bom
quanto o de 2011, mas deu para sair bem satisfeito. E eu continuo desejando ter
para mim aquela máscara que parece um porco-espinho.
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