Batendo um papo com a amiga |
Certa
vez, numa conversa um amigo me disse: "Que época maravilhosa para ser
nerd". Como discordar? No passado, nós nerds (a corneta pratica um
nerdismo pós-moderno) nos contentávamos com "Star Wars", "Star
Trek" e filmes em geral que passavam no SBT. Hoje, além de continuarmos de
olho no poder da força, lutando contra o "dark side" (leia com voz de
vilão) e falando klingon, nós vemos todos os nossos heróis dos quadrinhos no
cinema. E muitas vezes em adaptações fiéis que emocionam qualquer fã. Que
momento fantástico!
É
claro que sempre existirão os haters. Aqueles que sobem na Ágora do Twitter, no
palanque do Facebook, para berrar que o cinema acabou. Que não existem mais
roteiros criativos. Que só fazem filme de super-heróis. Bem, estes estão
procurando muito mal. Semana passada mesmo eu vi dois bons filmes no cinema: um
alemão ("Phoenix") e um francês ("Uma nova amiga"). Tudo
sem efeitos especiais, explosões, piadinhas e com temáticas sérias. Recomendo.
But, haters always gonna hate e nunca entenderão o quanto é legal demais ver
heróis como o Capitão América, o Homem-Aranha e o Homem de Ferro no cinema.
De
fato (e analisando o outro lado), há um excesso de filmes, ou um boom de
produções cinematográficas do gênero. Só neste século 92 filmes baseados em
diferentes quadrinhos foram produzidos. Isso só em língua inglesa. “Asterix
& Obelix”, por exemplo, não está incluído aqui. Assim como animações e
filmes e séries para a TV. A título de comparação, antes de 2001, 51 filmes
haviam sido feitos. O primeiro de um herói famoso que se tem notícia é um do
Superman de 1951, estrelado por George Reeves e dirigido por Lee Sholen. Há
ainda outras 32 produções previstas até 2020. Oito delas só para o ano que vem.
São elas (para vocês ficarem com água na boca): “Batman vs Superman: a origem
da Justiça”, “Deadpool”, “Capitão América: Guerra Civil”, “X-Men: Apocalypse”,
“Esquadrão Suicida”, “Gambit”, “Doutor Estranho” e um novo filme das tartarugas
ninja.
Tudo
isso pode cansar o espectador comum, é verdade. Mas os números de bilheterias
comprovam que isso ainda não atingiu boa parte do público. Quanto ao fã, ele
nunca ficará cansado. Palavra de um.
"Homem-Formiga"
é um exemplo de um filme muito voltado para este fã. Aquele cidadão que conhece
a história de Hank Pym, lembra do herói nos Vingadores e começa a puxar pela
memória que, em breve, a Vespa também aparecerá. E ela ainda será interpretada
por Evangeline "Lost" Lilly. É muita emoção.
Para
os demais, "Homem-Formiga" é mais do mesmo. Com certeza pode
divertir. Mas é o de sempre que a Marvel tem nos oferecido. Tem uma história
com um vilão insano, o Jaqueta Amarela (Corey Stoll, o Peter Russo de “House of
Cards”, configurando que ele só se mete em roubada), que quer iniciar uma nova
corrida armamentista, um lance meio família, reconciliações a partir da
resolução de problemas do passado, um herói carismático, o núcleo cômico, um
romancezinho que começa a engatar, pois ninguém é de ferro, e as já conhecidas
citações a outros filmes da Marvel. Além da brincadeira do gênero “Onde está
Wally?” para achar o Stan Lee.
O
filme já começa com Hank Pym (Michael Douglas) aposentado, mas ainda capaz de
acertar uns bons cruzados de direita. Ele sabe da ameaça que um ex-pupilo
representa e já está de olho num jovem talentoso para substituí-lo como este
pequeno grande herói.
Trata-se
de Scott Lang (Paul Rudd), um ladrão com mestrado em engenharia (isso é que é
qualificação para assaltar, amigos), que acaba de sair da cadeia e quer ter uma
vida correta para ser um herói para a filha saltitante e ainda trocando a
dentição de leite. Mas a vida não é fácil para ex-presidiários. Por causa do
preconceito, ele não consegue nem manter um emprego numa sorveteria.
A
vida não está fácil. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades e Lang
precisa pagar a pensão da filha, do contrário nunca terá o respeito da
ex-mulher. Mas Lang e seus comparsas, entre eles o divertido Luis (Michael
Peña), arrumaram o golpe perfeito. Assaltar o cofre de um velhinho. Eles só não
sabiam que o velhinho em questão era Hank. Se deu mal, Scott. Ele te colocou
numa grande enrascada. Agora é aceitar a proposta de ser o novo Homem-Formiga
ou mofar na cadeia.
Óbvio
que ele diz sim, ou o filme teria que acabar por aqui. E também porque ficar
mexendo com os átomos e brincando de encolher e aumentar é melhor do que ficar
parado na cadeia. Então Lang começa a treinar em avançadas técnicas de artes
marciais, aprende a mexer em novas tecnologias e estuda a incrível arte do
ADESTRAMENTO de formigas. Afinal, serão suas novas amiguinhas que formarão o
time que vai lutar contra as vilanias do Jaqueta Amarela e de tudo o mais que
vier pela frente.
A
partir daí, acompanharemos sensacionais MICROCENAS de luta, incluindo a
incrível batalha final num trenzinho de brinquedo. Impossível não rir dessa
vibe "Querida, encolhi as crianças" (1989).
Os
efeitos especiais são uma das coisas mais legais do "Homem-Formiga".
Ficou para mim a impressão de que o filme funciona melhor do que nos
quadrinhos, pois é possível brincar com uma série de possibilidades.
A nova franquia,
portanto, está estabelecida. Agora aguentem. Em breve, o Homem-Formiga fará
parte dos Vingadores (é inevitável) e o filme de Peyton Reed pode ser
considerado bem satisfatório. O Homem-formiga é meio que um herói B e diverte
como o “Guardiões da Galáxia” (2014) ou o primeiro filme dos “Vingadores”
(2012). E eu consegui terminar essa corneta sem citar a frase “Dos pequenos
frascos que saem os grandes perfumes”. Afinal, “Dos pequenos heróis saem as
grandes aventuras” (Ok, foi péssima). Piada infame à parte, o “Homem-Formiga”
vai ganhar uma nota 7,5.
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