Scarlett mostra quase tudo antes de mostrar tudo |
A frase está no pôster que Fox Mulder mantinha com ele na sua
sala dos nerds excluídos do FBI: "A verdade está lá fora". Eles estão
entre nós e adotando métodos cada vez mais sofisticados para exterminar a
humanidade. A
mais nova arma é baixar na terra com avatares de Scarlett Johansson. Como
resistir? Como não ceder se Scarlett vem para você, te chama de lindo e faz um
strip-tease? Nunca entrar num buraco negro sem volta foi tão prazeroso.
Quando um filme se vende como o trabalho em que a atriz fulana faz um nu frontal, desconfie. Desconfie muito. É claro que a corneta pisou no cinema achando que se metera numa roubada.
Mas é a Scarlett Johansson. Então lá estavam eu e mais 44 tarados de diferentes idades e sexos (sim, eu contei) para vermos Scarlett se desnudar para o mundo numa produção viajandona e com uma trilha sonora psicodélica tirada de algum filme do Kubrick que, claro, vai me causar uma semana de pesadelos.
No fim, bem, no fim eu julgaria que o filme causou controvérsia.
- Esse filme não acrescenta nada - disse um senhor enquanto deixava a sala.
Amigo, quem quer acrescentar não vai ver filme. Vai estudar matemática, que lida com soma e multiplicação.
A sensação que eu tenho é que algumas pessoas foram levadas ao cinema pelas frases "Vamos ver o filme da Scarlett Johansson" e “Vamos ver a Scarlett Johansson pelada” e não repararam que era uma ficção científica. E para o gênero, "Sob a pele" é bem bom.
A história. Scarlett é um alien que baixa na terra e sai exterminando um monte de seres humanos. Ela começa a missão pela Escócia. Sim, eu também não entendi porque os ETs começam logo pela Escócia. Talvez porque é um lugar tão vazio que dá para abordar uns caras na rua sem ninguém perceber.
O alien tem uma particularidade. Só pega homem solteiro e solitário. É um alien de coração. E só age depois de fazer uma entrevista com as vítimas mais tensa do que entrevista de emprego em multinacional. E quando os caras acham que vão se dar bem, logo percebem que aquela mulher vai é metê-los numa fria. É o que acontece com um torcedor do Celtic, cujo fim deve ter sido comemorado pelos fanáticos pelo Rangers, e o jovem aprendiz de dançarino de Lepo Lepo (que cena constrangedora).
O problema é que quanto mais tempo convive com os seres humanos, Scarlett vai curtindo. Tem uma subtrama por trás que mostra Scarlett descobrindo, tentando entender o que é ser humana. É aí que ela experimenta um bolo de chocolate, uma das melhores maneiras de estrear na culinária terráquea. E é aí também que entra a tão falada cena dela peladona.
Claro que na primeira vez que ela sente um negócio chamado piedade e toma uma atitude diferente do previsto, o chefe não vai gostar. Ao mesmo tempo, o alien também percebe que a humanidade não presta. São coisas da vida. Não importa se você é daqui ou de Urano.
No fim, "Sob a pele" prova que não é só um corpinho bonito (ou melhor, um corpaço de deusa hipnotizante), mas também tem algum conteúdo. A corneta sai do cinema satisfeita e realizada porque em cinco meses já viu Scarlett três vezes na tela grande. Que 2014, amigos! Atento aos sinais das estrelas, a corneta espera que a nota 7 para “Sob a pele” agrade aos alienígenas. Do contrário, espero que Scully me ajude.
Ficha técnica: Sob a pele (Under
the skin – Estados Unidos - 2013) – Scarlett Johansson, Jeremy McWilliams. Escrito
por Walter Campbell. Dirigido por Jonathan Glazer.
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