Carol Danvers mal sabe o que a espera |
Quando Nick Fury (Samuel L. Jackson),
mandou aquela mensagem por um pager adaptado segundos depois do estalar de
dedos de Thanos, a expectativa foi lá para o alto. Afinal, há quase um ano
aguardávamos a chegada da Capitã Marvel (Brie Larson) como a potencial heroína
que iria salvar o dia em um universo que anda com muitos problemas e que foi
50% dizimado pelo vilão.
E talvez o maior problema de “Capitã
Marvel” (Captain Marvel, no original) seja essa expectativa gerada. Aliado,
também, a outros fatores. Por exemplo, o patamar que alguns filmes da Marvel atingiram há alguns anos. O
trabalho da diretora Anna Boden e do diretor Ryan Fleck infelizmente não pode
ser colocado na mesma prateleira de filmes como “Pantera Negra” (2018),
“Vingadores: Guerra Infinita” (2018), “Capitão América: Soldado Invernal” (2014),
“Capitão América: Guerra Civil” (2016) e “Guardiões da Galáxia” (2014), só para
ficar em alguns filmes das fases 2 e 3 do Universo Cinematográfico da Marvel.
Também não é melhor que “Mulher Maravilha” (2017), só a título de comparação
com o que de melhor a DC criou nestes últimos anos.
De fato, “Capitã Marvel” é um filme
todo conduzido em banho maria. É pouco inspirado, suas cenas de ação estão
longe de figurar entre as melhores já produzidas pela Marvel e deixa de explorar
aspectos importantes da narrativa em torno da qual a heroína foi inserida.
Fica a pergunta: Por que ao invés de
mostrar a enésima história de origem com os mesmos elementos cansativos que já
vimos em outros filmes de origem, “Capitã Marvel” não foi direto ao que
interessa? No caso, a guerra entre Skrulls e Krees, uma das histórias mais
clássicas nos quadrinhos.
É compreensível a necessidade de
apresentar a personagem. Afinal, até então, no cinema, Carol Danvers (Brie
Larson) nunca havia sequer sido mencionada. Mas o velho arco “Quem eu sou
realmente? – De onde eu vim? – Qual a minha função no mundo? – Por que estou
fazendo isso? – O que estão me escondendo? – Finalmente me redescobri” parece
uma fórmula cansativa que nos deixa com a impressão de que esta história
poderia ser melhor contada de outra maneira. Ou pior, passa a impressão de ser
um filme preguiçoso.
Claro que olhando para tudo o que a
Marvel construiu até aqui, fazer o filme da Capitã Marvel neste formato foi um
risco bem calculado. O estúdio apostou no tardio ineditismo de ter uma mulher
protagonista de um filme de super-heróis dele, enquanto se viu ultrapassado
pela DC neste ponto, que lançou bem antes o filme da Mulher Maravilha. E as
cifras se multiplicando a cada dia no cinema, mostram que a Marvel, pelo menos
do ponto de vista econômico, tinha tomado a decisão certa. Esperamos que agora
ela tenha a ousadia de seguir em frente e fazer o filme da Viúva Negra, tão
desejado desde “Os Vingadores” (2012).
Porém, “Capitã Marvel” acaba por ser
um filme um pouco anódino. Tem uma primeira parte confusa que remete a flashbacks
para tentar situar quem é Carol Danvers, um meio com uma longa redescoberta e acertos de contas e
um fim em que faltou a figura de um vilão que realmente a confrontasse enquanto ela
descobria todo o potencial dos seus poderes. Para uma raça de guerreiros,
porém, os Krees desistiram muito facilmente de enfrentá-la só porque ela
impede algumas ogivas de atingir a Terra.
A impressão que fica é de que “Capitã
Marvel” serviu mais como um filme como “Homem-Formiga e Vespa” (2018). Enquanto
este situou para o espectador onde estava Scott Lang quando Thanos estalou os
dedos, aquele serviu para dar um panorama bastante generalizado de quem é a
Capitã Marvel antes do inevitável confronto com Thanos em “Vingadores: Ultimato”.
Todo o melhor parece ter ficado para um eventual segundo filme. Em especial a
Guerra Kree-Skrull.
Sobre Brie Larson, a atriz pareceu ter
sido uma escolha acertada para o papel. É uma boa atriz que não chega a ter uma
atuação estupenda, mas tem qualidades para o desenvolvimento da personagem
daqui para a frente. E a parceria com Samuel L.Jackson funcionou bem no filme.
Vamos ver como será agora que ela irá se inserir em "Vingadores: Ultimato".
Outro ponto positivo é a trilha
sonora. Como “Capitã Marvel” se passa nos anos 90, o filme trouxe uma coleção
de sucessos da década com canções de Garbage, No Doubt, Nirvana, R.E.M. Foi uma
viagem no tempo e cheio de referências à década, da rede de locadoras
Blockbuster aos filmes do Tarantino. Mas algumas canções pareceram um pouco
deslocadas. Não fez muito sentido “Come as you are” enquanto Carol se
confrontava com a Inteligência Suprema Kree.
“Capitã Marvel”, portanto, ficou devendo.
É uma diversão ok, mas ficou a impressão de que o melhor ficou guardado para o
futuro.
Cotação da Corneta: nota 6.
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