sábado, 31 de dezembro de 2016

Best Of 2016 - Cinema

"A Chegada", o melhor filme de 2016
Chegamos ao último dia de 2016. É o momento mais aguardado de Memórias da Alcova, quando entregamos o prêmio Corneta Awards. Como em todos os anos, a regra é clara, Todo e qualquer filme que estreou no Brasil entre os dias 1º de janeiro e 30 de dezembro, também conhecido como ontem, está apto a entrar na lista. Os que passaram no crivo, vão para o top-10. Os que fracassaram na cotação da Corneta, vão para o top-5 do mal. Além disso, temos as premiações individuais com categorias marotas, salientes e malemolentes.

Sem mais delongas, comecemos pelos melhores e piores filmes de 2016. Sempre numa ordem de ranking porque listas e rankings são polêmicos e alimentam discussões de bar e ceias de réveillon.

OS MELHORES FILMES

Chegar ao top-10 nunca é fácil, Neste ano, chegaram na semifinal, mas ficaram de fora da lista final filmes como “Spotlight: segredos revelados” (o injusto ganhador do Oscar), “A garota  dinamarquesa”, “A bruxa”, “A segunda esposa”, “Ave, César!”, “Truman”, “A assassina”, “Café Society”, “13 minutos”, “Snowden”, “Elle” e “Neruda”. “O filho de Saul” e “Doutor Estranho” também eram ótimos, mas ficaram pelo caminho. Chegamos a 12, preciso cortar dois. Acabaram sendo “Jason Bourne” e “A comunidade”, os últimos filmes a receberem a menção honrosa da Corneta.

Feitas as ressalvas, vamos ao top-10.

10º lugar – “As montanhas se separam” – O belíssimo filme de Jia Zhangke é uma espécie de “Boyhood” chinês, mas consegue ser ainda melhor do que o americano. Conta a história de três jovens chineses, cujas vidas se cruzam e se afastam cada vez mais conforme o passar do tempo e as escolhas tomadas. Um excelente trabalho de Zhangke.

Os oito odiados: faroeste teatral
9º lugar – “Os oito odiados” – Usando a sua conhecida estética de exagero e violência, Quentin Tarantino fez um excelente filme que é um faroeste típico, mas também é puro teatro. A força do trabalho está no texto do seu roteiro e na trilha sonora brilhante de Ennio Morricone.

8º lugar – “O abraço da serpente” – O filme colombiano conta a história de tribos indígenas na Amazônia colombiana em diferentes momentos a partir dos diários de dois pesquisadores que visitaram o local em diferentes períodos e acabaram documentando as transformações brutais sofridas pelas tribos locais. O elo de ligação entre ambos e o índio Karamakate. Uma denúncia da opressão do homem branco sobre a cultura indígena.

Melhor filme de quadrinhos
7º lugar – “Capitão América: Guerra Civil” – Um dos melhores filmes já feitos baseado em quadrinhos. O trabalho dos diretores Anthony e Joe Russo funciona perfeitamente em sua história, no trabalho dos atores, na colocação dos personagens na história. Simplesmente brilhante.

6º lugar – “Steve Jobs” – Mais do que uma cinebiografia do criador da Apple, é um ensaio sobre a vida de Steve Jobs que conta com um Michael Fassbender excelente no papel principal, a direção segura de Danny Boyle e o texto brilhante de Aaron Sorkin.

Carrell brilhando
5º lugar – “A grande aposta” – Um filmaço divertidíssimo sobre a crise econômica americana. Contado com humor, ousadia (como a quebra da quarta parede para explicar conceitos econômicos) e algumas atuações marcantes. Em especial, Christian Bale e Steve Carrell.

4º lugar – “O quarto de Jack” – Excelente filme sobre uma mãe sequestrada na adolescência que passa sete anos no cativeiro. Tudo é contado a partir do ponto de vista da criança, o jovem Jack, interpretado de forma tocante por Jacob Tremblay.

Di Caprio se esforçou e levou
3º lugar – “O Regresso” – Era o meu favorito do Oscar. Mas o trabalho de Alejandro González Iñarritu acabou ficando apenas com a merecida estatueta de diretor e outra mais do que merecida de ator para Leonardo Di Caprio. Além dele, Tom Hardy está muito bem neste filme que conta uma jornada de superação de um homem  deixado para morrer na selva e no frio após um ataque de um urso e volta para se vingar dos que o abandonaram.

Sônia incrível em "Aquarius"
2º lugar – “Aquarius” – O novo filme de Kléber Mendonça Filho é um primoroso retrato do Brasil a partir de uma realidade de Recife, em Pernambuco. Belíssimo, forte e necessário ser visto por todos, assim como era o seu primeiro trabalho, “O som ao redor”.

1º lugar - "A chegada" – É difícil a Corneta repetir um diretor no prêmio. Afinal, é grande a quantidade de filmes muito bons por aí. Mas o canadense Denis Villeneuve conseguiu isso. Depois de levar o Corneta Awards de melhor filme no ano passado por “Sicário”, ele nos apresenta este excelente “A chegada”, um filme encantador que fala sobre a linguagem, a comunicação e reflete sobre a importância de conviver com as diferenças e a riqueza que é entender os diferentes lados. Ao mesmo tempo que fala sobre o medo do diferente, que provoca ódio. Tudo numa embalagem de ficção científica e uma vibe “Interestelar”. Um belo trabalho, que fatura o prêmio de melhor do ano da Corneta.

PIORES FILMES:

Mas não pensem pela lista acima que foi um ano fácil. A temporada de 2016 também teve muita bomba. Falemos sobre as cinco piores:

5º lugar – “Ben-Hur” – Por que refilmar o que já era bem feito e estava na história? Mas Timur Bekmambetov topou o desafio e nos apesentou uma versão tosca padrão novela da Record do clássico do cinema estrelado por Charlton Heston. Atuações pífias ainda marcam esse trabalho que merece ser esquecido. A única coisa que se salva é a cena da corrida de bigas.

Que roubada, hein Jamie Lannister?
4º lugar – “Deuses do Egito” – Hollywood raramente se dá bem com histórias antes de Cristo. “Deuses do Egito” é tosco do início ao fim. Dá pena ver o Geoffrey Rush metido nesta roubada.

3º lugar – “O Contador” – Ben Affleck vive um cara que cuida das finanças de dezenas de bandidos, mas também é treinado para matar como se fosse um agente secreto fodão, tipo cruzamento de James Bond com Jason Bourne. Aí, ele é um cara que tem problemas para se relacionar por conta de uns problemas de saúde e tudo dá errado. Não tem como isso dar certo.

2º lugar – “Batman vs Superman: a origem da Justiça” – Ben Affleck esteve especialmente em algumas roubadas neste ano. Esse é um dos piores e mais constrangedores filmes sobre quadrinhos já feitos na face da terra. Uma coisa de envergonhar a DC Comics, o Zack Snyder e quem mais participou do projeto. Só a Mulher Maravilha de Gal Gadot se salva, o que nos deixa uma boa perspectiva para o seu filme solo em 2017.

Vem, meteoro!
1º lugar – “Independence Day: O Ressurgimento” – Tem coisas que não precisam ressurgir. O “Independence Day” de Rolland Emmerich é uma delas. Um dos piores filmes já feitos na face da terra, 8.5 na escala “Titanic” de ruindade. Como absolutamente nada se salva no filme, ganhará merecidamente o troféu bomba de 2016.  

MAIS PRÊMIOS DA CORNETA:

Troféu decepção de 2016 – “Esquadrão Suicida” bem que se esforçou, mas nada superou mesmo “Batman vs Superman”, a grande decepção do ano.

Chisolm resolve seus problemas
O herói do ano – Capitão América, Pantera Negra, Jasou Bourne, Doutor Estranho. Tivemos grandes heróis, mas o meu favorito será um herói de faroeste. Chisolm (Denzel Washington) mostrou a coragem, liderança a maestria que esperamos de um grande herói na refilmagem de “Sete homens e um destino”. Fica também como uma homenagem à bela refilmagem comandada por Antoine Fuqua.

O Barão Zemo, grande vilão
O vilão do ano – Entre tantos personagens legais de “Capitão América: Guerra Civil”, está o Barão Zemo de Daniel Brühl, o grande arquiteto da briga entre os heróis no aeroporto (uma das grandes cenas do filme) e de todas as vilanias do filme. Zemo ainda dará trabalho ao Capitão América no futuro.

A frase do ano – Aspas para Sônia Braga, cuja personagem Clara diz uma das várias frases marcantes dos diálogos de “Aquarius”: “Toca Maria Bethânia. Mostra que você é intenso”. Dentro do contexto do diálogo com o sobrinho no filme, é uma frase que revela a paixão, o conhecimento e a dedicação de Clara pelas artes.

O retorno do ano – Darth Vader deixou os fãs em calafrios nas cenas finais de “Rogue One”, mas foi pouco tempo. Assim, o prêmio de retorno do ano ficará para o inesquecível Rocky Balboa de Sylvester Stallone. O personagem voltou em “Creed: nascido para lutar”, quando Rocky aceita treinar o filho de Apollo, o Doutrinador, seu velho amigo e contra quem lutou nos dois primeiros filmes da franquia. Stallone está muito bem no papel e recebeu até uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante. Acabou perdendo para Mark Rylance, de “Ponte dos espiões”.

Adriana Ugarte brilhou em "Julieta"
A musa de 2016 – Sempre uma das categorias importantes dos prêmios alternativos do Corneta Awards. Cate Blanchett chegou forte com dois filmes (“Carol” e “Conspiração e poder”), tínhamos Morena Baccarin em “Deadpool” e Alicia Vikander em “Garota Dinamarquesa”. Scarlett Johansson é sempre uma candidata, embora nunca tenha levado o prêmio (mostrando a isenção da Corneta) e Margot Robbie era o que “Esquadrão Suicida” tinha de melhor. Mas no fim, fiquei entre duas espanholas. Dolores Fonzi, de “Truman” e a vencedora, a belíssima Adriana Ugarte, que também faz um belo trabalho em “Julieta”, o filme que Pedro Almodóvar lançou neste ano. E relembrando todas as campeãs até aqui: Sharon Stone (2006), Eva Mendes (2007), Penélope cruz (2008), Kate Winslet (2009), Anna Mouglalis (2010), Cecile de France (2011), Jessica Chastain (2012), Melanie Laurent (2013), Eva Green (2014) e Jessica Chastain (2015).

A melhor cena de sexo – Voltemos a “Julieta” para premiar a cena de sexo no barco entre a Julieta jovem (Adriana Ugarte) e o namorado no filme.

A melhor cena de briga – O ano de 2016 está de parabéns neste quesito. Daria até para fazer um top-5, pois tivemos a briga final entre Di Caprio e Hardy em “O Regresso”, a briga de bar de José Aldo e três playboys em "Mais forte que o mundo: a história de José Aldo", a cena final de “Tarzan”, com direito a invasão de bichos, e toda a épica resistência de Benghazi em “13 horas: os soldados secretos de Benghazi”. Darei uma medalha de bronze para a luta do Capitão América com o Homem de Ferro no aeroporto de Berlim envolvendo todos os heróis em “Guerra Civil” e uma de prata para a batalha final pela cidade em “Sete homens e um destino”. Mas a medalha de ouro vai para a cena cheia de efeitos especiais envolvendo o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), a Anciã (Tilda Swinton) e Kaecillius (Madds Mikkelsen) em “Doutor Estranho".

O filme Sessão da Tarde do ano – Fofo e com uma atuação divina de Maggie Smith, “A senhora da van” é a diversão que pedimos para uma tarde de verão vendo TV e com o ar condicionado ligado.

A cena mais absurda – Se tem uma coisa que “Caçadores de emoção – além do limite” tem é uma coleção de cenas absurdas. Então, pelo conjunto da obra (o paredão de água na cena de surfe na França, a descida de snowboard e o voo de wingsuit), o filme ganhará o prêmio de mais absurdo de 2016.

O filme mais kitsch – Por todos os motivos expostos no top-5 do mal, “Ben-Hur” ganhará o prêmio de filme mais kitsch do ano.

Os melhores roteiros – O top-5 de 2016: “Steve Jobs”, “A grande aposta”, “Aquarius”, “As montanhas se separam” e “A chegada”.

Os piores roteiros – O top-5 do mal em 2016: “Independence Day: o Ressurgimento”, “Caçadores de emoção”, “Deuses do Egito”, “Ben-Hur” e “O Contador”.

Isabelle Huppert e seu gato
O filme francês do ano – Embora dirigido pelo holandês Paul Verhoeven, “Elle” é uma co-produção francesa e foi para mim o filme mais instigante falado na língua de Godard. “Elle” conta a história de uma mulher que sofre uma violência grande e entra no jogo do seu agressor para lidar com suas questões internas.

O filme argentino do ano – Foi um ano de poucas produções argentinas vistas no cinema. Então, ficarei com “Koblic”, mais recente filme de Ricardo Darín, em que ele vive um piloto de avião que desiste de trabalhar para a ditadura argentina e tem que ter uma vida clandestina.

O filme brasileiro do ano – “Aquarius”, sem dúvida. Não é à toa que entrou no to-10 dos melhores do ano.

O filme de quadrinhos do ano – A Marvel deu uma goleada digna de 7 a 1 na DC Comics em 2016. E o filme de quadrinhos do ano não poderia ser outro que não “Capitão América: Guerra Civil”. Tanto que ele está na lista dos dez melhores do ano.

O filme-pipoca do ano – Mais um prêmio para “Capitão América: Guerra Civil”. Foi um dos mais divertidos de 2016.

O melhor filme ruim – “A lenda de Tarzan”. Tem um jeitinho kitsch, um jeitinho ruim, que acaba sendo uma boa diversão.

Melhores diretores – Danny Boyle (“Steve Jobs”), László Nemez (“O filho de Saul”), Alejandro González Iñarritu (“O Regresso”), Kléber Mendonça Filho (“Aquarius”) e Dennis Villeneuve (“A Chegada”).

Piores diretores – Rolland Emmerich (“Independence Day: O Ressurgimento”), J. Blakeson (“A quinta onda”), Ericson Core (“Caçadores de emoção – além do limite”), Zack Snyder (“Batman vs Superman”) e Timur Bekmambetov (“Ben-Hur”).

Melhores atuações masculinas – Michael Fassbender (“Steve Jobs”), Steve Carrell (“A grande aposta”), Bryan Cranston (“Trumbo”), Leonardo di Caprio (“O Regresso”), Viggo Mortensen (“Capitão Fantástico”).

Piores atuações masculinas – Adam Walker (“A quinta onda”), Edgar Ramirez e Luke Bracey (“Caçadores de emoção – além do limite”), Gerard Butler (“Deuses do Egito”), Liam Hemsworth (“Independence Day: O Ressurgimento”), e Jack Huston (“Ben-Hur”).

Melhores atuações femininas – Isabelle Huppert (“Elle”), Sônia Braga (“Aquarius”), Amy Adams (“A chegada” e “Animais Noturnos”), Brie Larson (“O quarto de Jack”) e Natalie Portman (“De amor e trevas”).

Piores atuações femininas – Chlöe Grace Moretz (“A quinta onda”), Teresa Palmer (“Caçadores de emoção – além do limite”), Sela Ward (“Independence Day: O Ressurgimento”) e Courtney Eaton (“Deuses do Egito”).

Filme de melhor trilha sonora – “Os oito odiados” e a bela trilha de Ennio Morricone. Mas menção honrosa para “Aquarius”.

E assim termina o Best Of 2016. É claro que no ano que vem continuarei cornetando tudo e todos. Um feliz ano novo para os que acompanham este blog e me aturaram neste ano. Em 2017 tem mais.

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