"A Chegada", o melhor filme de 2016 |
Chegamos
ao último dia de 2016. É o momento mais aguardado de Memórias da Alcova, quando
entregamos o prêmio Corneta Awards. Como em todos os anos, a regra é clara,
Todo e qualquer filme que estreou no Brasil entre os dias 1º de janeiro e 30 de
dezembro, também conhecido como ontem, está apto a entrar na lista. Os que
passaram no crivo, vão para o top-10. Os que fracassaram na cotação da Corneta,
vão para o top-5 do mal. Além disso, temos as premiações individuais com
categorias marotas, salientes e malemolentes.
Sem
mais delongas, comecemos pelos melhores e piores filmes de 2016. Sempre numa
ordem de ranking porque listas e rankings são polêmicos e alimentam discussões
de bar e ceias de réveillon.
OS
MELHORES FILMES
Chegar
ao top-10 nunca é fácil, Neste ano, chegaram na semifinal, mas ficaram de fora
da lista final filmes como “Spotlight: segredos revelados” (o injusto ganhador
do Oscar), “A garota dinamarquesa”, “A
bruxa”, “A segunda esposa”, “Ave, César!”, “Truman”, “A assassina”, “Café
Society”, “13 minutos”, “Snowden”, “Elle” e “Neruda”. “O filho de Saul” e
“Doutor Estranho” também eram ótimos, mas ficaram pelo caminho. Chegamos a 12,
preciso cortar dois. Acabaram sendo “Jason Bourne” e “A comunidade”, os últimos
filmes a receberem a menção honrosa da Corneta.
Feitas
as ressalvas, vamos ao top-10.
10º
lugar – “As montanhas se separam” – O belíssimo filme de Jia Zhangke é uma
espécie de “Boyhood” chinês, mas consegue ser ainda melhor do que o americano.
Conta a história de três jovens chineses, cujas vidas se cruzam e se afastam
cada vez mais conforme o passar do tempo e as escolhas tomadas. Um excelente
trabalho de Zhangke.
Os oito odiados: faroeste teatral |
8º
lugar – “O abraço da serpente” – O filme colombiano conta a história de tribos
indígenas na Amazônia colombiana em diferentes momentos a partir dos diários de
dois pesquisadores que visitaram o local em diferentes períodos e acabaram
documentando as transformações brutais sofridas pelas tribos locais. O elo de ligação
entre ambos e o índio Karamakate. Uma denúncia da opressão do homem
branco sobre a cultura indígena.
Melhor filme de quadrinhos |
6º
lugar – “Steve Jobs” – Mais do que uma cinebiografia do criador da Apple, é um
ensaio sobre a vida de Steve Jobs que conta com um Michael Fassbender excelente
no papel principal, a direção segura de Danny Boyle e o texto brilhante de
Aaron Sorkin.
Carrell brilhando |
4º
lugar – “O quarto de Jack” – Excelente filme sobre uma mãe sequestrada na
adolescência que passa sete anos no cativeiro. Tudo é contado a partir do ponto
de vista da criança, o jovem Jack, interpretado de forma tocante por Jacob Tremblay.
Di Caprio se esforçou e levou |
Sônia incrível em "Aquarius" |
1º
lugar - "A chegada" – É difícil a Corneta repetir um diretor no prêmio. Afinal, é grande a
quantidade de filmes muito bons por aí. Mas o canadense Denis Villeneuve
conseguiu isso. Depois de levar o Corneta Awards de melhor filme no ano passado por “Sicário”, ele nos apresenta este excelente “A chegada”, um filme
encantador que fala sobre a linguagem, a comunicação e reflete sobre a
importância de conviver com as diferenças e a riqueza que é entender os
diferentes lados. Ao mesmo tempo que fala sobre o medo do diferente, que
provoca ódio. Tudo numa embalagem de ficção científica e uma vibe “Interestelar”.
Um belo trabalho, que fatura o prêmio de melhor do ano da Corneta.
PIORES
FILMES:
Mas
não pensem pela lista acima que foi um ano fácil. A temporada de 2016 também
teve muita bomba. Falemos sobre as cinco piores:
5º
lugar – “Ben-Hur” – Por que refilmar o que já era bem feito e estava na
história? Mas Timur Bekmambetov topou o desafio e nos apesentou uma versão
tosca padrão novela da Record do clássico do cinema estrelado por Charlton
Heston. Atuações pífias ainda marcam esse trabalho que merece ser esquecido. A
única coisa que se salva é a cena da corrida de bigas.
Que roubada, hein Jamie Lannister? |
3º
lugar – “O Contador” – Ben Affleck vive um cara que cuida das finanças de
dezenas de bandidos, mas também é treinado para matar como se fosse um agente
secreto fodão, tipo cruzamento de James Bond com Jason Bourne. Aí, ele é um
cara que tem problemas para se relacionar por conta de uns problemas de saúde e
tudo dá errado. Não tem como isso dar certo.
2º
lugar – “Batman vs Superman: a origem da Justiça” – Ben Affleck esteve
especialmente em algumas roubadas neste ano. Esse é um dos piores e mais constrangedores filmes sobre quadrinhos já feitos na face da terra. Uma coisa
de envergonhar a DC Comics, o Zack Snyder e quem mais participou do projeto. Só
a Mulher Maravilha de Gal Gadot se salva, o que nos deixa uma boa perspectiva
para o seu filme solo em 2017.
Vem, meteoro! |
MAIS
PRÊMIOS DA CORNETA:
Troféu
decepção de 2016 – “Esquadrão Suicida” bem que se esforçou, mas nada superou
mesmo “Batman vs Superman”, a grande decepção do ano.
Chisolm resolve seus problemas |
O Barão Zemo, grande vilão |
A
frase do ano – Aspas para Sônia Braga, cuja personagem Clara diz uma das várias
frases marcantes dos diálogos de “Aquarius”: “Toca Maria Bethânia. Mostra que
você é intenso”. Dentro do contexto do diálogo com o sobrinho no filme, é uma
frase que revela a paixão, o conhecimento e a dedicação de Clara pelas artes.
O
retorno do ano – Darth Vader deixou os fãs em calafrios nas cenas finais de “Rogue
One”, mas foi pouco tempo. Assim, o prêmio de retorno do ano ficará para o
inesquecível Rocky Balboa de Sylvester Stallone. O personagem voltou em “Creed: nascido para lutar”, quando Rocky aceita treinar o filho de Apollo, o Doutrinador,
seu velho amigo e contra quem lutou nos dois primeiros filmes da franquia.
Stallone está muito bem no papel e recebeu até uma indicação ao Oscar de ator
coadjuvante. Acabou perdendo para Mark Rylance, de “Ponte dos espiões”.
Adriana Ugarte brilhou em "Julieta" |
A
melhor cena de sexo – Voltemos a “Julieta” para premiar a cena de sexo no barco
entre a Julieta jovem (Adriana Ugarte) e o namorado no filme.
A
melhor cena de briga – O ano de 2016 está de parabéns neste quesito. Daria até
para fazer um top-5, pois tivemos a briga final entre Di Caprio e Hardy em “O
Regresso”, a briga de bar de José Aldo e três playboys em "Mais forte que o mundo: a história de José Aldo", a cena final de “Tarzan”, com direito a
invasão de bichos, e toda a épica resistência de Benghazi em “13 horas: os
soldados secretos de Benghazi”. Darei uma medalha de bronze para a luta do
Capitão América com o Homem de Ferro no aeroporto de Berlim envolvendo todos os
heróis em “Guerra Civil” e uma de prata para a batalha final pela cidade em “Sete
homens e um destino”. Mas a medalha de ouro vai para a cena cheia de efeitos especiais
envolvendo o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), a Anciã (Tilda Swinton) e
Kaecillius (Madds Mikkelsen) em “Doutor Estranho".
O
filme Sessão da Tarde do ano – Fofo e com uma atuação divina de Maggie Smith, “A
senhora da van” é a diversão que pedimos para uma tarde de verão vendo TV e com
o ar condicionado ligado.
A
cena mais absurda – Se tem uma coisa que “Caçadores de emoção – além do limite”
tem é uma coleção de cenas absurdas. Então, pelo conjunto da obra (o paredão de
água na cena de surfe na França, a descida de snowboard e o voo de wingsuit), o
filme ganhará o prêmio de mais absurdo de 2016.
O
filme mais kitsch – Por todos os motivos expostos no top-5 do mal, “Ben-Hur”
ganhará o prêmio de filme mais kitsch do ano.
Os
melhores roteiros – O top-5 de 2016: “Steve Jobs”, “A grande aposta”, “Aquarius”,
“As montanhas se separam” e “A chegada”.
Os
piores roteiros – O top-5 do mal em 2016: “Independence Day: o Ressurgimento”, “Caçadores
de emoção”, “Deuses do Egito”, “Ben-Hur” e “O Contador”.
Isabelle Huppert e seu gato |
O
filme argentino do ano – Foi um ano de poucas produções argentinas vistas no
cinema. Então, ficarei com “Koblic”, mais recente filme de Ricardo Darín, em
que ele vive um piloto de avião que desiste de trabalhar para a ditadura
argentina e tem que ter uma vida clandestina.
O
filme brasileiro do ano – “Aquarius”, sem dúvida. Não é à toa que entrou no
to-10 dos melhores do ano.
O
filme de quadrinhos do ano – A Marvel deu uma goleada digna de 7 a 1 na DC
Comics em 2016. E o filme de quadrinhos do ano não poderia ser outro que não “Capitão
América: Guerra Civil”. Tanto que ele está na lista dos dez melhores do ano.
O
filme-pipoca do ano – Mais um prêmio para “Capitão América: Guerra Civil”. Foi
um dos mais divertidos de 2016.
O
melhor filme ruim – “A lenda de Tarzan”. Tem um jeitinho kitsch, um jeitinho
ruim, que acaba sendo uma boa diversão.
Melhores
diretores – Danny Boyle (“Steve Jobs”), László Nemez (“O filho de Saul”),
Alejandro González Iñarritu (“O Regresso”), Kléber Mendonça Filho (“Aquarius”)
e Dennis Villeneuve (“A Chegada”).
Piores
diretores – Rolland Emmerich (“Independence Day: O Ressurgimento”), J. Blakeson
(“A quinta onda”), Ericson Core (“Caçadores de emoção – além do limite”), Zack
Snyder (“Batman vs Superman”) e Timur Bekmambetov (“Ben-Hur”).
Melhores
atuações masculinas – Michael Fassbender (“Steve Jobs”), Steve Carrell (“A
grande aposta”), Bryan Cranston (“Trumbo”), Leonardo di Caprio (“O Regresso”),
Viggo Mortensen (“Capitão Fantástico”).
Piores
atuações masculinas – Adam Walker (“A quinta onda”), Edgar Ramirez e Luke
Bracey (“Caçadores de emoção – além do limite”), Gerard Butler (“Deuses do
Egito”), Liam Hemsworth (“Independence Day: O Ressurgimento”), e Jack Huston (“Ben-Hur”).
Melhores
atuações femininas – Isabelle Huppert (“Elle”), Sônia Braga (“Aquarius”), Amy
Adams (“A chegada” e “Animais Noturnos”), Brie Larson (“O quarto de Jack”) e Natalie
Portman (“De amor e trevas”).
Piores
atuações femininas – Chlöe Grace Moretz (“A quinta onda”), Teresa Palmer (“Caçadores
de emoção – além do limite”), Sela Ward (“Independence Day: O Ressurgimento”) e
Courtney Eaton (“Deuses do Egito”).
Filme
de melhor trilha sonora – “Os oito odiados” e a bela trilha de Ennio Morricone.
Mas menção honrosa para “Aquarius”.
E assim termina o
Best Of 2016. É claro que no ano que vem continuarei cornetando tudo e todos.
Um feliz ano novo para os que acompanham este blog e me aturaram neste ano. Em
2017 tem mais.
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