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Desde que resolveram desenterrar a
série "Star Trek" dos livros de história, eu conheci alguns fãs que disseram
que o J.J.Abrams estava transformando aqui tudo num "Star Wars B".
Alguns até estavam bem raivosos. Tem uma galera que não consegue apreciar as
duas histórias ou ficar de boa apenas com a sua favorita. Gastam o tempo
achando que Star Wars X Star Trek é o Messi X Cristiano Ronaldo dos nerds. Que
preguiça dessas duas "batalhas".
Bom, mas a Corneta tem uma péssima
notícia. "Star Trek: sem fronteiras" é um processo final da
"starwarização" da saga da USS Enterprise. Tem aquela estrutura igualzinha
dos povos ali em equilíbrio, personagens esquisitos que podem virar bonecos
legais (se eu fosse criança adoraria ter um boneco da Jaylah), um vilão que dá
uma respiradinha no melhor estilo Darth Vader e uma trama simples que
basicamente se resume a: o vilão está putinho e quer destruir o mundo. Logo, os
heróis precisam impedir isso para manter a galáxia em harmonia entre as
espécies. Não tem muito mais do que isso não. Pode espremer bem que não sai
mais nada.
A relação de opostos entre o
passional capitão Kirk (Chris Pine) e o cerebral Spock (Zachary Quinto)
tornou-se apenas escada para render algumas piadas que aliviem o clima de tiro,
porrada e bomba do filme.
Aliás, nada é muito profundo no novo
Star Trek. Kirk está em crise existencial, tipo uma crise dos 30. Pensa em
buscar novos desafios, aplica para uma vaga em outra empresa, mas essas
questões só aparecem no comecinho do filme e no final. Ele também estaria em
busca do seu lugar no mundo. Eu te entendo Kirk. Quem nunca sofreu disso? Mas
nada que o impeça de fazer o seu trabalho bem feito.
O Spock também está em crise. Seu
mentor faleceu (RIP Leonard Nimoy), e agora ele não sabe se quer continuar
naquela vida de viajante sem fronteiras, trabalhando eternamente embarcado
nessa plataforma da Petrobras interplanetária. Ok, o salário é bom. Os amigos
são gente fina. E ainda tem a Uhura (Zoe Saldana) que além de ter uma mente
brilhante é uma gatinha. Muito mais do que um ser vivo de orelhas pontudas
poderia desejar.
Mas tudo isso se resolve num estalar
de dedos entre uma explosão e outra. Entre um chute aqui, outro ali.
Star Wars, ops ato falho. Star Trek é
dirigido por Justin Lin. Ele dirigiu quatro dos sete filmes "Velozes e
Furiosos". Fiquei com a impressão dele ter aproveitado algumas ideias da
franquia. Tem uma cena então IDÊNTICA à outra de "Velozes e Furiosos
7". Aquela do carro caindo no abismo e o protagonista correndo para se
salvar. Ok, ele não dirigiu o 7, mas ainda assim eu achei SUSPEITO.
A questão é que o roteiro de Simon
Pegg e Doug Jung privilegia um filme que foi feito somente para entreter
com cenas de ação. Seus personagens estão ali para correr, saltar, pular e
fazer o impossível que só a tecnologia e os efeitos especiais são
capazes.
E o vilão, o famoso Kral (Idris Elba)?
Bem, lhe faltou umas sessões de análise né. Ele quis criar uma celeuma
interplanetária por muito pouco. Tá sozinho? Quer atenção? Amigo, você não é o
umbigo do mundo.
Até que chegamos ao momento mais
legal do filme. Mas eu não contarei. O Capitão Kirk curtiu. Só o que eu posso
dizer é que "Star Trek: sem fronteiras" é um filme para aqueles que
sempre acreditaram que os Beastie Boys eram a salvação da humanidade (e das
demais espécies).
Apesar da saudável bateção
de cabeça, o filme vai ganhar uma nota 5.
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