DR entre mortal e deus |
Jaime Lannister (Nikolaj
Coster-Waldau) está sempre perdendo alguma coisa em suas batalhas. É uma mão em
"Game of Thrones", os olhos em "Deuses do Egito"... Pelo
visto ele está jogando no nível "very hard" no videogame da
vida.
Mas perder partes do corpo é o menor
dos seus problemas no filme de Alex Proyas. Um trabalho, aliás, que eu gostaria
de ter feito a Glória Pires e dizer: "Não assisti", "Não sou
capaz de opinar". Pior que eu nem posso dizer "gostei
médio".
Como eu dizia, o que mais me deixou
intrigado nisso tudo é como Nikolaj, Gerard Butler e, principalmente, Geoffrey
Rush aceitaram participar dessa produção que corre sério risco de ser uma das
coisas mais kitsch e circenses de 2016. Até o momento rivaliza com "A
quinta onda" pelo prêmio corneta "O que eu estou fazendo no
cinema?".
Vamos refletir. Embora seja um astro
de "Game of Thrones", Nikolaj ainda não é ninguém no mundo da sétima
arte. Logo, precisa pegar uns personagens, fazer uns freelas, se fazer
conhecido. E como negar um protagonista de uma ~~~~superprodução~~~~? Butler,
por sua vez, sempre teve uma queda por filmes épicos que se passam antes de
Cristo. Não esqueçamos que ele foi o rei Leônidas em "300"
(2006). Mas e Geoffrey Rush, esse lorde shakespeariano? Não tem explicação
ele ficar de TRANCINHA vivendo o deus Rá e batendo no peito enquanto entra em
combustão espontânea.
"Deuses do Egito" não é um
filme. É um enredo de escola de samba. Poderia ser o tema da Grande Rio em
2017: "Das pirâmides do Nilo, os deuses estão loucos e caem no samba sob o
abraço da folia". De repente pega até um desfile das campeãs.
O filme começa quando Osiris (Bryan
Brown), a Elizabeth II do Egito antigo, está cansado de se eternizar no poder e
resolve colocar sangue novo no reino passando o trono ao filho Horus, o nosso
Jaime Lannister de "Game of Thrones" (príncipe Charles ficou com
invejinha). Até os deuses se cansam né?
Só que o irmão de Osiris, Set
(Butler) não curtiu e, cansado de literalmente pregar no deserto, resolve dar
um golpe de estado celestial. Pronto, está armada a confusão. Sabemos o que
acontece quando alguém busca o poder a todo custo e de forma desmedida.
Horus e Set têm uma batalha épica com
direito aos dois se transformando em bichinhos que renderiam bons bonecos no
mercado infantil se o filme fosse minimamente razoável. É claro que Horus
perde. A batalha e os olhos. É na derrota que começa a jornada do herói.
Antes de buscar a sua vingança, Horus
precisa passar por provações. Descobrir o valor do amor, da lealdade, da
humildade e do companheirismo. Um guerreiro não está completo sem ser nobre de
espírito. Thor nos ensinou isso.
Para ter sucesso com a missão, ele
contará com a ajuda de um mortal. Bek (Brenton Thwaites) é um ladrão habilidoso
e ousado que faz de tudo para tirar a amada Zaya (Courtney Eaton) do
"Nosso Lar" egípcio.
Os dois vão passar por diversas
missões que mais parecem os trabalhos de Hércules. Tudo para restabelecerem a
paz e a ordem no Egito branco e louro de Hollywood. Um reino então mergulhado
no caos e numa ditadura cercada de escravos e com uns poucos
privilegiados.
Para chegar lá serão muitos diálogos
terríveis, muitos olhares 43, muito sangue dourado derramado (isso mesmo!) e
alguns efeitos especiais legaizinhos. Sem contar a aposta na esperança e no
amor, aquele sentimento que vence tudo. Argh!
Não dá, amigos. "Deuses do
Egito" abusa do direito de ser ruim. Salvo alguns poucos bons momentos, o
filme deixou a corneta PASMA. Por isso, vai ganhar uma nota 3.
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