Eddie Vedder espalha a palavra/Reprodução |
Uma semana depois do show de São Paulo, o Maracanã recebeu o jogo de volta do mata-mata com o Pearl Jam. Que
coisa maravilhosa. Acho que dessa vez foi 8 ou 9 a 1. Sete a um seria muito
pouco para o que vimos. Só o que nos resta neste momento é uma análise
malemolente.
1- A apresentação do Pearl Jam no
Maracanã foi mais uma a comprovar a minha tese de que o último show de uma
turnê pelo Brasil é sempre o melhor. Comparando com o de São Paulo, que foi o
outro que vi, foi melhor. E olha que o do Morumbi tinha sido ótimo. Mas o do
Maracanã se alinha muito perto daqueles inesquecíveis como os de 2005 e
2011.
2- Num ano em que o futebol carioca
fez figuração, teve um time na Série B e tem outro quase tragado para a segunda
divisão, não é exagero dizer que o maior espetáculo que o Maracanã viu em 2015
foi o de ontem.
3- Poucos notaram, mas entre tantos
fatos relevantes do show havia um que é um retrato do poder da música e do amor
de alguém por uma banda. Entre os milhares de espectadores, havia um cego na
pista. Ele não podia ver, mas sentiu o show tanto quanto todos os fãs que
estiveram no estádio. Ele cantava e dançava em "Black" ou "Even
Flow" com a mesma empolgação de quem podia ver a banda no palco. Não sei
quem ele é, mas foi emocionante e esse cara é um exemplo.
4- O Perl Jam começou com
"Oceans", a melhor canção do grupo para cidades de praia como o Rio,
com seu clipe da galera pegando onda e numa boa.
5- Ninguém levou mais toco na noite
do que os vendedores de batata frita. Todos saiam oferecendo de todo jeito.
Alguns disseram até que era "sem colesterol e fazia parte da dieta",
mas o preço salgado (R$ 15) assustou as pessoas, que, em tempos de crise,
preferiram jejuar.
6- Certa vez, alguém virou para um
Eddie Vedder impressionado com a histeria dos fãs dos Ramones e questionando se
um dia tocaria para tanta gente no Brasil e disse: "O lugar do Pearl Jam
no Brasil é em estádios". Depois de dois shows na Apoteose, o dia
finalmente chegou e o cantor estava satisfeito: "É uma honra encher o Maracanã".
7- Foi um show ainda sob os efeitos
de Paris, principalmente porque a banda descobriu que um dos mortos no Bataclan
era fã do Pearl Jam. O grupo aproveitou para fazer um cover do Eagles of Death
Metal, que tocava na capital francesa quando aconteceu o atentado.
8- Foram 34 músicas e 3h de um
espetáculo mais nostálgico. O disco novo, "Lightning Bolt",
contribuiu com apenas três canções, enquanto tivemos sete do "Ten",
quatro do "No Code" e outras quatro do Vitalogy", que neste domingo
completava 21 anos de lançamento.
9- Tivemos
ainda seis covers. Entre eles, claro, "Rockin' in the free World", do
Neil Young, "Imagine", de John Lennon, e "Comfortably
Numb", do Pink Floyd.
10- Como é dura a vida desde o
advento da pista VIP/Premium/Coxinha. Mesmo na grade da pista comum eu me vi
tão distante do palco...
11- Carioca é mais animado que
paulista e canta tanto e tão alto que em algumas musicas mal dava para ouvir a
banda.
12- Por outro lado, os paulistas
deram um banho de tchururu tchutchururu em "Black". Os cariocas foram
mais tímidos, mas compensaram e deram um banho nos paulistas nos GEMIDOS de
"Jeremy" e "Alive".
13- O número de camisas de flanela
esteve dentro da média atual de 5% das pessoas usando. Mas Eddie Vedder levou
uma para manter a tradição.
14- O cantor, aliás, realizou o sonho
máximo de qualquer fã. Deixou que ele cantasse uma música. Inicialmente Vedder
disse que só pagaria uma bebida para o fã que garantia que era seu aniversário.
Duas músicas depois, o cidadão subiu no palco, bebeu do vinho do cantor (até eu
beberia se o Eddie Vedder tivesse me oferecido) e cantou a primeira estrofe de
"Porch" para delírio e INVEJINHA dos demais presentes.
15- A banda estava em casa e bem
bagaceira. Eddie Vedder foi pra galera, brincou, fez piada e tomou cachaça. O baixista Jeff Ament fez uma cara de quem não
curtiu muito e achou meio azedo. Já Mike McCready ficou até sem camisa no maior
clima churrascão de domingo.
16- Mas nada superou o quesito
nonsense do que a pessoa que jogou uma SUNGA VERMELHA no palco num efeito Wando
às avessas. Eddie Vedder olhou, riu, foi zoado pelo guitarrista Stone Gossard,
esqueceu que tinha que cantar, a colocou na cabeça e, no fim, a vestiu por cima
da bermuda, pois se o Superman pode, ele também pode.
17-
"Corduroy", "Do the evolution", "Amongst the
waves", "Given to fly", "Jeremy", "Better
Man" e "Alive". Foi lindo e puro amor. Se tivesse rolado "I am
mine", "Animal" e "State of love and trust" teria sido
ainda mais.
18- O saldo final da minha loucura é
6h de show, 67 músicas e um sentimento: se tivesse outro show amanhã eu iria de
novo.
Cotação final da corneta: 9,5.
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