Que situação, hein |
A
corneta tinha planejado abordar um outro filme hoje, mas um sinal, digamos,
divino a fez mudar de ideia. Ao pegar um ônibus que corria ensandecidamente
pelas ruas do Rio de Janeiro a caminho do cinema, não tive dúvida. Isso era uma
mensagem. Nesta semana, eu tinha que ver "Velozes e Furiosos 7".
Ao
saltar são e salvo do ônibus dublê de montanha russa, comprei o meu ingresso e
não me arrependi. Que filme maravilhoso! "Velozes e furiosos 7" é o
filme mais deliciosamente mentiroso do ano. Se não for da década. Ou mesmo
deste século. Tudo de mais absurdo acontece no filme e os personagens saem, no
máximo, com algumas escoriações. Para não falar em carros turbinados que voam,
atravessam prédios e atingem 200 km por hora num piscar de olhos.
Definitivamente
é um filme que Bruce Willis (John McClane ficou com inveja) ou Sylvester
Stallone assinariam embaixo. Mas Stallone diria que ele derrubou um helicóptero
com mais classe e arrojo que o Dwayne Johnson, como você pode comprovar no vídeo
abaixo.
"Velozes
e Furiosos 7" é um clássico filme para meninos. Não que algumas meninas
não possam gostar. Mas é um típico filme com todos os clichês que o homem médio
considera fundamental para se divertir na vida. Se liga no bingo. O filme tem:
1)
Carros sensacionais que correm muito em pista livre e sem engarrafamento
2)
Cenas de briga com altas doses de testosterona
3)
Cenas de ação impossíveis de serem realizadas no mundo real
4)
Viagens pelos quatro cantos do mundo e sempre em lugares de tirar o fôlego
5)
Efeitos especiais CALEIDOSCÓPICOS
6)
Cervejas roots e primes
7)
Mulheres gostosas
8)
Closes em bundas de mulheres gostosas
9)
Mulheres gostosas de biquíni e molhadas
10)
Mulheres gostosas banhadas em ouro
11)
Michelle Rodriguez, que, vocês sabem, é uma mulher... Deixa pra lá. Vocês já
entenderam
Diante
dessa receita que poderia ser definida como INFALÍVEL, como um homem não se
divertiria? Mesmo os mais ávidos leitores de Milan Kundera, Jean-Paul Sartre e
Immanuel Kant abririam um sorriso no canto esquerdo da boca diante dessa
“obra-prima”. E não venham torcer o nariz e ser preconceituosos, pois se até
uma dama inglesa como Helen Mirren, que interpretou ninguém menos do que a
rainha da Inglaterra e ganhou um Oscar por isso, é fã e sonha em fazer um papel
na franquia, quem é você para falar mal da série?
“Velozes
e Furiosos 7” é uma história de vingança. No passado distante, leia-se o filme
6, Dominic Toretto (Vin Diesel) e seus amigos que adoram fazer um pega,
deixaram Owen Shaw (Luke Evans) no hospital. Agora o irmãozinho mau dele vem
com tudo para pegar geral e mandar todo mundo para a vala. E o irmão é ninguém
menos que o Jason Statham. Ou seja, é carne de pescoço.
Será
um problema para o grupo, mas nada que eles não possam resolver. Se não
pudessem, o filme não seria feito. No meio do caminho, Toretto ganha um aliado.
O governo americano através de um grupo secreto liderado pelo Kurt Russell. O
Senhor Ninguém é um agente do governo honesto (eu falei que o filme era
mentiroso), que joga limpo com os caras velozes e furiosos (eu não disse que o
filme era mentiroso?). Ele vira para Toretto e diz: Se você conseguir achar a
hacker Ramsey (Nathalie Emmanuel, fazendo um bico enquanto “Game of Thrones”
não volta) e o equipamento Olho de Deus, poderá usar o Olho de Deus para pegar
o bad guy e lhe dar uma surra.
Toretto
e Ninguém ainda debatem sobre qual seria a melhor cerveja. A belga que o agente
do governo importa ou a Corona, uma coisa mais roots que Toretto aprecia.
Só
que o vilão também tem um aliado. O terrorista Jakande, vivido por Djimon
Hounsou. E o que o terrorista quer? Claro que é o Olho de Deus. Então, “Velozes
e Furiosos” também é uma gincana para saber quem fica com o pen drive do Olho
de Deus.
E
por que todo mundo quer isso? Não é apenas porque é preciso algum motivo para
toda a ação se desenvolver. O Olho de Deus é um programa sinistro que consegue
mapear qualquer habitante do planeta do Alasca até a Papua Nova Guiné. Ele sabe
exatamente o que você está fazendo agora enquanto lê este post.
Assim,
o filme segue sem surpresas. Pois é, galera, o roteiro é pobre e as atuações
são sofríveis. Frequentemente, Vin Diesel virá para a gente com aquela
expressão de "eu sou muito bom" e diz as piores frases possíveis.
Coisas parecidas com "Vou chutar o seu traseiro gordo",
"Mandarei você para o quinto dos infernos”, “Vou te fazer beijar os pés da
morte”. O baú de frases feitas foi reviradaço para o trabalho de James Wan. Ok,
ninguém é perfeito.
No
meio disso tudo, temos muitos carros destruídos, explosões, cenas de briga bem
de macho alfa, e as tais cenas espetaculares. Carros voando e saltando de
paraquedas. Carro atravessando três prédios. Eu disse TRÊS PRÉDIOS! Ah, e a
lutadora de MMA Ronda Ronsey fazendo um bico de segurança de um bilionário
árabe e saindo no tapa com a Michelle Rodriguez cada uma usando vestidos de
gala. Claro que eu torci pela Michelle.
Como
nem tudo é testosterona, o filme termina com uma bonita homenagem ao Paul
Walker, estrela da franquia que morreu em dezembro de 2013 em um acidente de
carro, enquanto “Velozes 7” era filmado. (E aqui você descobre como elessolucionaram essa questão sem tirar Walker do filme).
Vin Diesel disse que
“Velozes e furiosos 7" merece ganhar o Oscar de melhor filme. E ele não
estava bêbado por excesso de cerveja. Eu não chegaria a tanto, mas diria que o
filme é diversão garantida. Não é à toa que teve a nona maior estreia da
história do cinema. Por isso, vai ganhar da corneta uma nota 6,5.
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