Tenha fé que você chega lá |
Ethan Hawke gosta
de falar, questionar e que seus personagens façam reflexões. Estão aí seus filmes feitos em parceria com Richard Linklater que não nos deixam mentir. Mas em “No coração
da escuridão”, eu não sei onde ele quis chegar. De fato, eu não compreendi onde
o diretor e roteirista Paul Schrader quis chegar com a história do reverendo Ernst
Toller.
“No coração da escuridão”
passa por uma série de situações. Temos um padre em conflito com um passado
doloroso, temos um foco na questão ambiental e no aquecimento global, chegamos
ao extremismo/terrorismo das ações e não encontramos respostas para nada.
Talvez até não fosse o caso mesmo de encontrá-las, mas nem mesmo questões que provoquem uma reflexão profunda ao surgimento dos créditos no final do filme são levantadas.
O planeta está se
deteriorando pela ação humana que não cuida do ambiente? Ok, é verdade. Há
empresários sem escrúpulos poluindo ainda mais o ambiente? Sim, é verdade. A política
obriga a igreja até a fazer acordos com os demônios do mercado? É assim há mais
de dois mil anos. O caminho do protesto é pela violência, pelo autoflagelo ou
pelo amor? É isso que se quer fazer?
É difícil compreender
onde Schrader quer chegar. Ele tenta incutir uma “crítica social foda” ao
contar a história do padre de uma congregação que precisa organizar o
festejo dos 250 anos de uma igreja histórica nos Estados Unidos. No meio do
caminho, ele precisa aconselhar um homem a não fazer besteira em sua luta em
defesa do meio ambiente ao mesmo tempo em que a mulher deste homem, Mary
(Amanda Seyfried) surge para buscar ajuda, mas também traz o conforto para a
vida desse religioso ex-militar amargurado pela morte do filho na guerra do
Iraque.
Longas conversas
sobre o papel da Igreja e da Bíblia surgem. A saúde do reverendo se deteriora na
medida em que um provável câncer no estômago se manifesta cada vez mais
forte.
E para onde o
padre de Hawke vai? Que caminhos o filme quer tomar? Parece que “No coração da escuridão” é uma salada de situações que não provoca de fato uma reflexão
profunda. Da mesma forma que não traz muito entretenimento ao espectador. E
ainda tem um final bizarro que pareceu jogar o filme num limbo em que nada faz
sentido.
Talvez a única
coisa coesa e relevante do filme seja a segura atuação de Hawke. Ainda mais
reforçada pela palidez do restante do elenco.
“No coração da escuridão”
abraçou muitos temas, mas não se aprofundou de fato em nada. Com isso, o filme
ficou devendo.
Cotação da
Corneta: nota 4.
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