Dunkirk é um filme excepcional do diretor |
Quase sempre as histórias dia filmes de guerra envolvem o
heroísmo. De uma tropa, de um homem. É uma história conhecida
que vai da dor intensa à salvação de um homem, uma tropa ou um país.
Christopher Nolan não foge disso na sua primeira incursão no que chamarei de
"cinema de guerra".
Mas
a história de "Dunkirk" é também a de uma derrota. O filme conta um
episódio da Segunda Guerra Mundial pouco representado no cinema, quando os soldados aliados
(britânicos e franceses) ficaram encurralados pelos alemães na praia de
Dunquerque, na França. Naquele momento, os alemães massacravam os aliados,
avançavam com suas tropas e o governo britânico temia que o próximo alvo fosse
a Inglaterra.
Por
isso, inicialmente poupou esforços para salvar os soldados isolados em
Dunquerque. O então primeiro-ministro Winston Churchill, para dar alguma
satisfação à nação, falava em resgatar os soldados (as previsões internas era
de 30 a 40 mil dos 400 mil que estavam na França), mas poupava as tropas para a
batalha seguinte. Dunquerque era a derrota certa.
No
mar do do Canal da Mancha, a algumas horas da Inglaterra, os soldados tinham o
sentimento de estarem tão perto, mas absolutamente distantes de casa. No mar
aberto, os destróieres ingleses eram alvos fáceis dos caças alemães. A morte
estava sempre à espreita para um exército que estava cercado, sem defesas na
praia e sem esperança.
É
quando Nolan resolve contar a história de heroísmo da batalha de Dunquerque.
Centenas de barcos comuns, de civis da Inglaterra deixaram o país para resgatar
os soldados. Graças a eles, mais de 330 mil soldados voltaram para casa.
Para
narrar essa história, Nolan evita o impacto hollywoodiano de Spielberg do bom "O resgate do soldado Ryan" (1998). É econômico nos diálogos. A música de
Hans Zimmer (absolutamente incrível) casa perfeitamente com as imagens, mas são
os sons da guerra que causam mais impacto. Os caças em alta velocidade, o peso
dos tiros, o desespero da água engolindo dezenas de corpos que vão perdendo a
vida no meio do caminho. O fogo que tudo consome em gritos e desespero. O instinto de sobrevivência que transforma os homens.
E
tudo feito com uma beleza da qual Nolan é expert em filmar. As imagens são
secas, mas é tudo de uma beleza e crueza
excepcionais.
O
cineasta prefere contar sua história dividida em três partes que vão se
encontrar no meio do filme. É a guerra na praia, no ar e no mar. Quando ocorre
a interseção, o filme da uma derrapada na continuidade, mas nada que prejudique
a beleza deste mais novo trabalho de um diretor que está entre os melhores da
atualidade.
"Dunkirk"
é de uma beleza ímpar. É cinema grande como os que Nolan sabe
fazer.
Cotação
da Corneta: nota 9,5.
Nenhum comentário:
Postar um comentário