Charlize Theron foge dos paparazzi |
Depois
de "Garota Exemplar", aquele filme absolutamente espetacular do ano
passado, a corneta não apenas renovou seu status de idolatria por David
Fincher, como também deixou a escritora Gillian Flynn em boa conta. Portanto,
quando eu vi - e quando começou a ser vendido nos cartazes (malandrinhos!) -
que um outro livro dela também tinha virado filme, óbvio que reservei o meu
lugar no cinema mais próximo.
"Lugares
Escuros" também poderia ser chamado de "Precisamos falar sobre a
Metalfobia". Afinal, desde o início os preconceitos estão ESCANCARADOS
contra os headbangers. Basta o cidadão se vestir de preto, estudar um
satanismo, matar uma vaca e curtir um Misfits ou um Slayer que ele já é
considerado um assassino pela sociedade. Como isso é possível?
Mas
um grupo de nerds jogadores de RPG acha que não é bem assim. Eles se reúnem num
clube de aprendizes de Sherlock Holmes para provar que Ben Day (Corey Stoll na
idade adulta e Tye Sheridan na adolescência) era apenas um simpático fã de
Megadeth com a cabeça iconoclasta e rebelde de qualquer adolescente que eu e
você já fomos.
Para
resolver o crime e tirar Ben da cadeia depois de 28 anos de martírio, eles
contam com a ajuda de Libby Day (Charlize Theron, menos FURIOSA, com mais
cabelo do que em “Mad Max” e um bonezinho como adereço).
Única
sobrevivente do massacre de Kansas que vitimou sua mãe e suas duas irmãs, Libby
viveu as quase três décadas seguintes somente daquela noite. Ganhava doações
das pessoas, cheques polpudos de famílias que se preocupavam com a jovem que
sofrera um trauma terrível. Libby ainda assina um livro sobre ela que não
escreveu e sequer leu. É assim a vida ia passando.
Mas.....
Bem, uma hora ela tinha que virar adulta e as pessoas iam se cansar de sua
história. Libby pensou: e agora? Vou ter que fazer essa coisa terrível que é
trabalhar? Não, ela não teve tempo para refletir sobre isso porque logo
surgiram os nerds do RPG oferecendo uns trocados para que ela os ajudasse na
investigação. A questão é: ela precisaria desmentir o que falara em 1985,
quando acusou o irmão dos assassinatos.
E
aqui temos o viés PSICOLÓGICO do filme. Ben é o preso que viu a luz, descobriu
o perdão e se vê livre e em paz mesmo atrás das grades. Libby está aí na vida,
tomando uma cerveja, mas mora num muquifo e está acorrentada ao passado daquela
fazenda no Kansas.
"Lugares
Escuros", portanto, se põe como uma jornada de reconciliação, redescoberta
e desapego na busca por pistas que solucionem o mistério.
É
um ponto a se abordar. Mas o filme de Gilles Paquet-Brenner não tem aquelas
reviravoltas loucas de “Garota Exemplar”, por exemplo. Nesse ponto, a história
de Gillian Flynn é mais linear.
O
filme, por sua vez, se coloca mais num gênero "quem matou fulano?",
ainda que você não seja levado a ter dúvidas ou refletir sobre possíveis
mandantes do crime. Desde o início se sabe que a história oficial não é bem
aquela (Ben não é o vilão), e que haverá a busca pela verdade. É assim você é
conduzido até ela.
"Lugares
Escuros" pode ser uma boa diversão para uma tarde fria de inverno. Da
parte da corneta, o filme ganhará uma nota 6.
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