Messi, o craque que decide/Reprodução |
Agora
que a Copa do Mundo entra nos seus ESTERTORES, provavelmente nove entre dez brasileiros
e argentinos estão torcendo loucamente por uma final entre Brasil e Argentina. São
dois rivais cujas torcidas vêm se provocando desde o primeiro suspiro deste
Mundial como se esperassem a hora do grande duelo no Maracanã.
A
parte esta rivalidade entre duas nações que se amam e se odeiam e que amam se
odiar, espécie de Montecchios x Capuletos do século XX, o futebol apresentado
até aqui pelas duas equipes foi pobre. Bem pobre.
Se
o futebol tivesse um mínimo de justiça, Colômbia e Holanda fariam a final desta
Copa. Para mim, foram as melhores seleções, as que apresentaram o melhor
futebol do Mundial. Entre as que restaram, Alemanha e Holanda seria a final
mais digna. Os alemães só ficaram atrás de colombianos, holandeses e franceses
se eu tivesse que fazer um ranking dos melhores times da Copa.
Mas
e Brasil e Argentina? São dois times que passaram do prazo de validade no Mundial
e vem jogando um futebol não propriamente feio, mas ultrapassado. Um futebol
VINTAGE para, digamos, não ferirmos suscetibilidades.
Os
dois rivais iniciaram a Copa vivendo situações semelhantes. O Brasil dependia
de Neymar e tinha uma defesa forte e um meio-campo fraco. A Argentina dependia
de Messi e tinha uma defesa fraca e um ataque forte.
Com
o passar da Copa, a defesa da seleção só comprovou ser realmente muito boa.
Pelo menos o quarteto compreendido por Júlio César, David Luiz, Thiago Silva e
Luiz Gustavo. O meio-campo sequer apareceu até a partida de oitavas de final
contra a Colômbia. E Neymar vinha fazendo uma Copa razoável até se machucar
contra a Colômbia e ficar de fora do torneio.
Já
a Argentina provou que não tinha uma defesa tão ruim assim. O zagueiro Garay
vem fazendo uma ótima Copa, assim como o lateral-esquerdo Rojo. E o goleiro
Romero vem surpreendendo com um bom Mundial. Mas o meio-campo pouco cria, o
ataque não faz triangulações, pouco se fala em campo e o time é MUITO
dependente de Messi. E o craque do Barcelona vem correspondendo. Decidiu quatro
dos cinco jogos do Mundial.
O problema é que Brasil e Argentina não apenas jogam mal, mas jogam de uma forma que pouco se vê hoje em dia. E não tem como não culpar seus treinadores Luiz Felipe Scolari e Alejandro Sabella por isso.
Enquanto
as maiores equipes, as que melhor jogaram nesta Copa apresentaram o futebol que
temos visto nas principais competições do planeta – intensidade, velocidade, troca
de posições, compactação, posse de bola, técnica, habilidade – Brasil e
Argentina parecem presos aos anos 90.
O
Brasil joga quase sempre num 4-3-3 que nem a Holanda exibe mais. Neymar e Hulk
nos lados, Fred como um centroavante clássico. Um volante mais fixo (Luiz
Gustavo), laterais que apoiam com frequência, Oscar atuando pelo lado do campo.
Poucas variações, poucas trocas de posições e o único que tinha alguma
liberdade em campo era Neymar. O ponto forte do time brasileiro é a defesa
sólida (ainda que tenha levado gol em quatro dos cinco jogos) e algumas jogadas
ensaiadas. Alguns gols desta Copa claramente nasceram de treinamento.
A
Argentina também joga num 4-3-3, mas que afunila na entrada da área com Messi
centralizado jogando naquela posição que gosta entre os volantes e os
zagueiros, Higuaín de um lado, mas próximo da área, Lavezzi mais aberto do outro.
No lado do Higuaín, quem atua mais aberto é Di Maria, que não jogará contra a
Holanda, provavelmente dando lugar a Enzo Perez. Foi para ele que Messi tocou e
foi dos pés de Di Maria que nasceu o passe para o gol do centroavante na
vitória sobre a Bélgica.
Na
defesa, Mascherano e Biglia (ou Gago) ficam mais centralizados. Rojo apoia muito,
ajudando Lavezzi no ataque. Zabaleta não apoia tanto na direita, protegendo
mais a defesa formada por Federico Fernandez e Garay. Também não há muitas
variações no time, que tem contado com o brilho de Messi para seguir avançando
meio aos trancos e barrancos.
O
melhor jogo do Brasil foi contra a Colômbia. A seleção dominou a partida no
primeiro tempo e fez um jogo equilibrado na etapa final. Foi melhor, mas
longe do ideal. Com apresentações inferiores às do Brasil, ainda que tenha uma
campanha melhor, a Argentina tem como melhor jogo a exibir a vitória por 3 a 2
sobre a Nigéria. Um bom jogo no primeiro tempo e razoável na etapa final.
É
pouco. Muito pouco para duas camisas tão pesadas. Será que nas semifinais Brasil
e Argentina vão finalmente aparecer nesta Copa com um futebol menos burocrático?
Ou o duelo Montecchio x Capuleto será numa insossa disputa de terceiro lugar?
Saberemos a partir das 19h de quarta-feira.
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