sábado, 16 de agosto de 2025

“On Falling” e a solidão de ser imigrante

Joana Santos soube interpretar as dores do imigrante
Assistir a “On Falling” na condição de imigrante é saber identificar todos os signos retratados pela diretora Laura Carreira.

Da vida em comunidade dividindo casas com estranhos à sensação de não pertencimento a lugar nenhum, passando pelo olhar solitário de sua protagonista, Carreira conseguiu resumir muito bem a sensação que muitos imigrantes passam.

Seu filme é uma jornada dura de uma imigrante portuguesa que vive na Escócia em busca de uma vida melhor, mas se vê trabalhando em subempregos, com uma tremenda dificuldade financeira e até passando fome e frio.

É curioso que o nome da protagonista seja Aurora, cujo significado é o amanhecer, o raiar do dia, quando a Aurora de “On Falling” parece estar sempre eclipsada pela vida medíocre de casa-trabalho-casa a que somos forçados a nos impor especialmente pelas dificuldades financeiras.

E como a atriz Joana Santos consegue com poucas palavras e alguns gestos nos contar tanto sobre esta Aurora, uma personagem que está no limite do desmoronamento físico e psicológico. A cena da entrevista de emprego de Aurora é de partir a alma, por revelar os sonhos em contraste com a realidade desumana.

“On Falling” nos mostra como estamos caminhando muito mal como sociedade. Os sinais estão muito claros. Na Escócia ou em Portugal. No Brasil ou na Irlanda. Onde quer que se vá, o cenário do mercado de trabalho é desanimador. Os imigrantes são a mão de obra frágil e barata que podem ser aproveitadas por qualquer empresa sem muitos escrúpulos. E as soluções estão longe de ver o raiar do dia.

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