Rogers e Stark resolvem as diferenças |
Até
sentar a bunda na cadeira para escrever o roteiro de “Os Vingadores”, Joss
Whedon tinha feito pouca coisa relevante na indústria cinematográfica. Filho e
neto de dois conhecidos roteiristas de TV, Tom e John Whedon, ele seguia pelo
mesmo caminho com “Buffy – A caça-vampiros” e outras séries de TV americanas.
Mas também ensaiava novos voos ao ser um dos responsáveis pelo roteiro de Toy
Story (1995), pelo qual concorreu ao Oscar em 1996.
Mas
ai surgiu o projeto dos “Vingadores”, o grupo de heróis superpoderosos, uma
espécie de Liga da Justiça da Marvel. E Whedon seria responsável não apenas
pelo roteiro, mas pela direção do filme que era uma das grandes apostas para este ano.
Caberia
a ele reunir em 2h e pouco alguns dos heróis mais famosos da Marvel para contar a origem do supergrupo
após outros diretores filmarem as histórias de quase todos separadamente. Sendo
que alguns foram bem sucedidos e outros não. O Homem de Ferro ganhou um bom filme e outro razoável com Robert Downey Jr., mas o Capitão América não teve a mesma sorte, com
um trabalho sofrível. Os filmes do Hulk foram bons, mas nem Eric Bana, nem
Edward Norton entraram no papel de Bruce Banner, que ficou com Mark Ruffalo. Já
o Thor ganhou um filme razoável, com tintas shakespearianas, mas com uma
atuação irregular do seu elenco.
Whedon
seria responsável, portanto, por juntar todos estes elementos difusos,
acrescentar outros personagens e bolar uma história que agradasse aos fãs de
quadrinhos e aos não iniciados em um arrasa-quarteirão bom de público e
de crítica.
O diretor
americano não era um rauli no mundo dos quadrinhos. Já tinha escrito, por
exemplo, histórias dos X-Men. Portanto, sabia do que os fãs gostam e não
gostam. Faltava apenas dar liga a uma história que fosse palatável a todos os
públicos sem ferir os "comic-xiitas".
E
eu diria que Whedon conseguiu realizar o seu intento com louvor. “Os Vingadores”
saiu da ilha de edição para o cinema como um dos melhores filmes sobre
super-heróis dos quadrinhos já feitos desde que isso virou febre em Hollywood.
Ao contrário de “Watchmen” e “Batman – Cavaleiro das Trevas”, que eram
trabalhos mais focados no drama e em temas como o terrorismo, “Os Vingadores” aposta
no humor para conquistar o seu público.
Os
diálogos de Whedon são o grande herói do filme. São com eles que Downey Jr.
deixa todo o sarcasmo de Tony Stark aflorar com frases como “Shakespeare no
parque?” ou “Sua mãe sabe que você usa as cortinas dela?” ao se referir ao Thor
ou em meio a uma discussão com o Capitão América, responde com “Gênio, playboy,
milionário, filantropo” a uma pergunta sobre o que ele é sem a armadura do
Homem de Ferro. Ou ainda “Eu sou fã da maneira como você fica nervoso” no seu
primeiro contato com Bruce Banner.
O diretor
também cria situações divertidíssimas que fizeram o público na sessão de cinema
que eu estava reagir com aplausos. Mas não vou entregar as cenas aqui
para não estragar a película para os que ainda não a viram.
Scarlett Johansson e sua Viúva Negra |
O
roteiro é o grande craque dos “Vingadores”, mas o filme tem outros pontos
fundamentais que o fazem ser excelente. Um deles é a parcimônia no uso de
efeitos especiais. Eles só entram quando realmente são exigidos, deixando o
foco na história que já é por si só riquíssima. Isso, inclusive, torna o 3-D
irrelevante. Eu vi numa sessão dessas, mas não perderia quase nada se tivesse
visto numa sessão convencional. O 3-D aqui só serve para te tirar mais dinheiro
no ingresso.
O
segundo ponto está na atuação dos atores. Se Downey Jr. é a grande estrela do
filme, até por ser o melhor ator em cena mesmo, Ruffalo se revela o melhor de
todos os Bruce Banners/Hulks. Já Scarlett Johansson (Natasha Romanoff/Viúva
Negra) parece estar se divertindo no meio daquela brincadeira de meninos
enquanto Jeremy Renner (Clint Barton/Gavião Arqueiro) dá mais importância a um
personagem que sempre foi coadjuvante nos Vingadores.
As
grandes aquisições, porém, são as de Chris Evans e Chris Hemsworth. Depois de
ver o desastroso filme do Capitão América e de saber que Evans tinha sido o
Tocha Humana em outros desastrosos filmes do Quarteto Fantástico temia pelo
pior. Afinal, Steve Rogers é peça fundamental nos Vingadores por ser o líder da
equipe. Mas Evans se revelou bem mais à vontade na roupa do Sentinela da
Liberdade. Nem parecia a figura patética do seu filme-solo.
Hemsworth,
por sua vez, só não viveu o mesmo perrengue porque o filme do Thor era superior
ao do Capitão América. Mas em “Os Vingadores” ele é outro que parece ter se
sentido um pouco melhor no papel do filho de Asgard. Assim como Tom Hiddlestone,
cuja interpretação é digna das vilanias e da vaidade de Loki.
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